quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Criação de Tudo - Mambembe Teatro Poético

No início de Tudo, o Existir era único, único e silencioso... E de tanto existir em seu silêncio, pensou... E se sentiu só quando percebeu que não havia com quem compartilhar seu pensamento...

Existir resolveu então partilhar o que lhe era Único.

Criou as estrelas, os cometas e os planetas. Criou o sol, para que aquecesse seu silêncio. Mesmo com toda a beleza que criara em seu espaço... Ainda sentia-se só. Existir não bastava.

Pensou... pensou estrelas... pensou cometas... pensou planetas... Cada planeta seu espaço, cada espaço movimento... O que então iria se mover? Existir pensou... pensou... pensou planeta, pensou espaço, que estava dentro de outro espaço. E em seus pensamentos, reuniu tudo de mais forte e belo que havia em si, e criou o mar... e os seres marinhos para que o mar não se sentisse só.

Mas Existir ainda queria mais, e criou o som. Como seria o barulho das águas? Quando ouviu o barulho das águas pela primeira vez, Existir transbordou e foi assim que criou os rios, a terra, o fogo, o vento, a chuva, o dia, à noite, as plantas e os animais.

Existir não se sentia mais sozinho. Durante muito universo Existir contemplou sua criação. Recarregava suas energias ao assistir a dança das ondas, o cair das chuvas, a mutação das cores no céu... e percebeu que em toda sua criação havia vida. Agora não era mais única vida, eram vidas únicas. E pensando, Existir percebeu uma fissura em sua vontade.

Pensou, pensou... pensou fogo, pensou terra, pensou céu... Olhando para o céu Existir se esqueceu de pensar, e passou a sentir. Lembrou-se do sentimento de solidão em outrora, mas como aquele sentimento não mais cabia... apenas sentiu.

Existir sentiu as cores do céu, sentiu o calor do fogo, sentiu o brincar das águas... sentiu. Sentiu saudade... Mas saudade? O que era a saudade? Uma sensação de vazio?

Não. Era saudade amor. Existir sentiu amor... o mar brotou de seus horizontes e Existir chorou. Chorou de amor. Chorou de tanto amar.

As lágrimas caídas por terra viraram barro...

E foi assim que Existir criou a alma.

Sentiu harmonia, e sentiu que era hora de partir. Existir estaria presente em vibração, em movimento, em inércia... mas era hora de partir...

E deixar que sua criação se criasse.

Ao partir Existir deixou no céu uma mensagem.

Minha mensagem está no céu, está em todos os lugares

Está em tudo o que vedes, em tudo o que sentis... em tudo que alma.

Sois terra, água, fogo e ar

Tendes em vós a natureza de amar.

E se em algum momento pensais que estais sozinho... olhai ao redor, senti ao redor

Olhai para dentro de vós, e lembrais de como fostes criado.

Nascestes de minhas lágrimas... nascestes do mar de amor que há em Mim.

Sois livre para trilhar vossos caminhos

Mas não esqueçais, que tendes em vós a natureza...

A natureza de amar.


Autor(a): Bárbara Ramos

Revisão de Texto: Ricardo Aquino

2 comentários:

ricardo aquino disse...

Bom estar nesse espaço de Valentina, para que ela saiba que eu lhe deixei fora do Periférico por proteção.Achava sempre que sua arte era muito frágil para o experimentalismo sem alma. Digo e por dizer já me sinto faltar. Proteger Bárbara Ramos,atriz, produtora, escritora e poeta é-me demais. Egoísta seria uma palavra de título. Queria proteger, na verdade, aquela pequena que me chamou de anjo certo dia, que era tão confusa e frágil.Essa sim cabia proteção.Cheguei a me apaixonar por ela, mas sua vida tinha outras paixões. Mas me encontrei melhor ao seu lado, amigo, com a criação de cada dia. O projeto Mambembe foi o nosso casamento e foi o ápice de nossa arte conjunta. Hoje penso, deveríamos ter sido só nós dois. Mas a vida sabe para onde leva as coisas partidas. Só uma coisa não partiu, não levou: o meu amor por ti!

Bárbara Ramos disse...

Sinto tanta saudade desse amor...