domingo, 21 de março de 2010

Aos porcos


Paz entre os porcos
e em teus solos lamacentos
flores ameacem

Entre gorfos e ruminos
pelas horas passam a se sujarem
Entre gorfos e ruminos
ronquifuçam o tempo
se sujando em lamentos

Paz ao perdão da vil engorda
ou perdão a paz dos desnutridos
de pouca carne, de banha pouca,
aos desmedidos de olhos fundos
e peito arfante.

Enquanto os porcos comem as flores,
os desnutridos, desvalidos
engordam os porcos com as flores,
que lhes foram.

Tão presos como os semelhantes
cercados pela própria miopia
tão porcos como porcos todos
na mesma dor, da mesma cina
e nasce um dia e tantos outros
e sempre a mesma porcaria.

Porcos de humanas avarias!

Ricardo Aquino e Bárbara Ramos
21.03.10